27.10.08

A Caixa de Pandora


Recordando o antigo mito grego e adaptando-o à nossa atual situação, eu compararia os 271.014 eleitores de São Luis a Pandora, que abriu uma caixa proibida e libertou todos os males que afligem a humanidade. Com a diferença de que esses eleitores abriram as portas para a corrupção, o nepotismo, o clientelismo, as práticas ilícitas, e todas as formas de má administração da "res publica" com a eleição de João Castelo.


Foi uma derrota para Flávio Dino? Não!! Foi uma derrota para o povo e para a cidade de São Luis. Com um passado igual ao que Castelo tem, será possível que ele tenha mudado? Não acredito nisso. Acredito sim que tenha piorado, levando em consideração, além do passado nebuloso, o péssimo desempenho mostrado no debate da sexta-feira, uma pessoa totalmente equivocada quanto aos problemas da cidade e muito despreparado, mostrando soluções milagrosas e populistas para a população (vide post abaixo).


Algumas frases que escutei ontem, durante a apuração dos votos:


"Não acredito que elegemos Jackson pra isso acontecer"


"Declaremos luto à São Luis"


"Nossa cidade está acabada"


Esse é o sentimento que pessoas, mais precisamente 214.302 eleitores, que acreditam que é possível mudar expressaram na noite desse domingo.


A decepção com a eleição de Castelo mostrou que mais uma vez quase metade da população de São Luis optou pelo atraso, pelo passado, pelo pior, acreditando em promessas vagas, que de tão ridículas, sequer foram impressas. (Se alguém tiver algum programa de governo de Castelo, me empresta pra eu tirar cópia?).


Enfim, estou de luto pela minha cidade. Decepcionada pelos que se venderam por uma bagatela, penalizada pelos muito que pagarão o alto preço dessa venda, dessa escolha errada.


Mas voltando à caixa de Pandora: no fim da história, restou a ESPERANÇA!

As Promessas de Governo... Vamos cobrar a conta?

Bom Preço: trata-se da reedição de um programa de distrbuição de alimentos a baixo custo à população, que fez bastante sucesso na época em que Castelo foi governador, há quase 30 anos. Resta saber se hoje esse tipo de idéia é viável, uma vez que enfrentará forte resistência da rede varejista convencional. Além do mais, o governo terá que gastar alta soma para subsidiar o preço da comida e assim torná-la mais barata. A qualidade dos produtos e a quantidade da oferta deverão estar de acordo com o que espera a população.
Palafita Zero: resta saber se o novo prefeito adotará um modelo próprio para beneficiar os palafitados ou se buscará uma ação conjunta com o Governo Federal, que já executa obra com igual finalidade na margem esquerda do rio Anil, o maior curso d’água de São Luís, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Filiado ao PSDB, partido que no plano nacional faz oposição velada ao governo Lula, Castelo, possivelmente, não terá tanta facilidade em conseguir apoio federal para sua empreitada. Ainda mais quando se observa o acirramento da disputa com vista à eleição presidencial de 2010, em que o antagonismo entre tucanos e petistas estará muito mais evidente.
Fardamento e material escolar gratuitos: a concretização desse projeto requer uma disponibilidade financeira altíssima. Afinal, a rede municipal de ensino comporta dezenas de milhares de alunos. Apesar dos fartos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), a Prefeitura terá outras prioridades, tais como contratação de novos professores, construção e reforma de escolas, concessão de reajustes, etc. É aguardar para ver.
Hospital de emergência no Angelim: outro investimento de altíssimo custo. Além de construir e equipar a unidade de saúde, a Prefeitura terá que contratar uma numerosa equipe, levando-se em conta que o hospital será de grande porte. Há ainda quem critique a localização escolhida para unidade de saúde. O argumento é o de que a avenida Jerônimo de Albuquerque, que dá acesso ao Angelim, é uma das vias de maior congestionamento da capital.
Leite de graça para estudantes: proposta viável e de certa relevância, uma vez que estimula os estudantes a manter a freqüencia escolar. No entanto, pareceu muito mais produto de propaganda do que algo que possa ser levado a sério. Possivelmente, será esquecida em meio às prioridades do novo gestor.
Meia-passagem nos ônibus aos fins de semana: outra promessa de campanha de difícil concretização. Para conceder tal benefício, a Prefeitura terá que subsidiar o desconto na tarifa. Além disso, não se sabe como a idéia será recebida pelos empresários do setor de transporte coletivo. Da forma como foi idealizado, o benefício terá um caráter de serviço público, o que põe em xeque sua eficiência.
Construção de mais cinco terminais de integração: mais um investimento de alto custo. O Terminal da Praia Grande, primeiro dos cinco que existem atualmente em São Luís, foi inaugurado em 1996. O quinto, o do Distrito Industrial, foi entregue em 2005. Ou seja, foram necessários 11 anos para se chegar ao número atual de terminais. Castelo prometeu construir outros cinco em quatro anos. É uma tarefa difícil, sobretudo porque o novo prefeito precisará recorrer a recursos externos, inclusive de fontes internacionais.
(Fonte: http://colunas.imirante.com/danielmatos/)